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quinta-feira, 3 de julho de 2008

1998 - A HISTÓRIA NÃO TEM FIM

XXII
Lampião o Homem que Amavas as Mulheres
Uma leitura teatral
Estreou em Canoa Quebrada
De forma fenomenal
E como espetáculo ativo
Foi pra Bienal do livro
Um evento nacional
XXIII
O livro era de Daniel Lins
Júnio Santos fez adaptação
Jôsy Dantas o figurino
e os dois com muita emoção
Brincavam rompendo esquema
Acompanhados por Batista Sena
Na clarinete, flauta e no violão
BATISTA
Compadre Virgulino, encontrei-me com uma mulher(..) bonita como uns amores(..)
e que apesar de ainda não lhe Ter visto pessoalmente gosta de você.

JÚNIO
Compadre, eu cismo com essas amorosas. Mulher só serve quando a gente
se encontra com ela de supetão. Cangaceiro não pode Ter amizade a ninguém”.

BATISTA
Não resta dúvida, compadre, mas o que é certo é que eu não fiquei tonto porque a coisa é com você, se fora comigo eu me desgraçava mas carregava aquela mulher. Compadre, a mulher tem os olhos de cururu, atrai. Tudo na mulher é danado mesmo. Só o diabo aguenta
as tentações do jeito e da fala de Maria.

JÚNIO
Desconfio dessas mulheres amorosas (..) um cangaceiro não pode amar ninguém (..) As mulheres atrapalham sempre, elas são lentas, andam devagar quando começam a ter barriga... Meu Deus! É o sinal de que um bebê chora; é uma boa pista para os macacos das volantes. Meu Padrinho Cícero me aconselhou a não me deixar acompanhar pelas mulheres.”(Lampião)

JÔSY
Mesmo com desconfiança
“Lampião pegou a pena
E escreveu para a Maria
Porque era Capitão
Tinha boa caligrafia
Ajeitou bem a caneta
Desta maneira escrevia.
JÚNIO
Excelentíssima senhora
Dona Maria Bonita
Vai aqui o meu recado
Sei que a Sra. Acredita
Eu sou o Capitão Ferreira
Que pra sua companheira
Da senhora necessita
Este é o meu portador
É de toda confiança
Vai um cavalo selado
Que marcha com segurança
Se não vier eu vou lá
Pois quando a sorte não dá
Com razão a gente avança.
XXIV
Fizemos também O Mala Da Arte
E o Arte Viva foi parceiro
Rodamos pelo Nordeste
Cantando em muitos terreiros
Ganhamos premios legais
Nas ondas dos festivais
Pelo Brasil inteiro

PEDRO MALAZARTE CENA DA MORTE LIVRE
“UM ABOIO DE MORTE E DOR”
Que o sertão fique escuro
Sabiá não cante mais
As árvores não se balancem
Minha alma já se vai
Verão já virou inverno
Abram as portas do inferno
Vou enganar ao satanás. (bis)
XXV
Continuamos em 99
Com todo esse repertório
Apresentando nas ruas
Em sala e auditórios
Nosso teatro de magia
Que busca a cidadania
Isso é público e notório
XXVI
Ainda criamos em Icapuí
Na Escola Gabriel
O Grupo Raios do Sol
Um verdadeiro escarcéu
Que fez teatro com alegria
Musica, dança e poesia
Doces como favos de mel
XXVII
Montamos na Serra da Mutamba
A peça Parto e Parteira
Com apoio da secretaria de saúde
Que era nossa parceira
Tendo como atriz Dona Bezinha
Parteira de primeira linha
E uma atriz de primeira

Vamos contar
Vamos cantar
Irmão
Estórias de aparição


No coco embala ganzá
Começo a narração
História de parto e dor
De chamego e assombração
De lua cheia de bucho
De bucho cheio de cristão

Vamos contar
Vamos cantar
Irmão
Estórias de aparição


Sou parteira a muito tempo
Herdei tudo da minha vó
Minha mãe também foi parteira
Por aqui uma das meior

O risco grande seria
Se não houvesse gente como a gente
Destemida!
Sem medo de sangue, nem de grito
Pronta pro parto

O segredo?
É sabedoria popular
Misturada com conversa de doutor.

O resto é carinho
Amor com a buchuda
Zelo com a criancinha
E muita fé em Deus.

É assim que eu
E tantas outras
Salvamos vidas fortes
Na pobreza do sertão

XXVIII

2000 foi outra história

O cenário era o sertão

Carnaúba dos Dantas

Era a próxima missão

Ficamos lá por um ano

Montando e desmontando plano

Em meio à enganação

XXIV
Criamos os Meninos de Carnauba
Uma banda de Percussão
Com os músicos Gonga e Vitor
Dando a orientação
Invadimos o litoral
Encantamos na capital
Fizemos histórias no sertão
XXX
Botamos o bloco na rua
Fizemos a matricula escolar
Combatemos o mosquito da Dengue
Que queria nos pegar
Abrimos rodas nas praças
Com alegria e com graça
Nos tornamos popular

"Escola
tem que ser boa
toda hora
tem que ter
livro pra ler
e o direito é estudar

Lugar de criança
é na escola
não é na rua
pedindo esmola
dever do pai
dever do cidadão
é dá pra seu filho
uma boa educação"
(música de Júnio Santos - tema da campanha de matricula escolar)





quarta-feira, 23 de abril de 2008

CABEÇA DE PAPELÃO



Jôsi Dantas - Júnio Santos - Pedro Vinicius
Espétáculo teatral de Rua
"Manifestações da Gente"



Júnio Santos "Diablo no Couro"

Foto de Almir Binlardi

No final dos anos 80, quando tive o prazer de conhecer o poeta transformador do mundo Ray Lima, lá em Janduís "uma cidade tão pequena com problemas de um país", conheci também, através dele, alguns escritos de João do Rio. Fiquei impressionado com todos... um porém chamou muito a minha atenção: O HOMEM DA CABEÇA DE PAPELÃO!!! soberbo! depois soube, li e ainda não assisti que vários grupos já adaptaram o conto pra o teatro fechado. Resolvi então fazer o mesmo só que para o teatro livre de rua. Assim comecei em 1989. Escrevi várias vezes e escolhi uma das 16 versões pra montar. Pra minha surpresa o Orlângelo Leal - (autor, ator e diretor teatral no Ceará) fez ao mesmo tempo uma montagem para o palco que estreou no final de junho e ficará em cartaz até o último final de semana de julho no Centro Cultural do Bom Jardim em Fortaleza-CE. A nossa montagem está em processo. Ela reúne seis grupos de teatro de rua e alguns outros teatreiros que espontâneamente estão contribuindo com o processo. Nos reunimos para ensaio duas vezes por mês já que a grande maioria dos atores e técnicos são pessoas de periferia que vivem de pequenos bicos, da informalidade e de outras formas de exploração de mão-de-obra barata: comércio, indústria... Sinto-me num processo de continuidade do Movimento escambo. Em vez de montar com o grupo que faço parte, isoladamente... junto-me com outros grupos que nunca receberam apoio, não ganharam editais e nem prêmios... essa é a visão de mundo do CERVANTES do BRASIL saí do seu umbigo e envolver o máximo possível de pessoas e artistas na roda da aprendizagem que proporciona um processo de montagem.

Quem quiser ir ver, participar, conferir é fácil. Vamos está dia 18 de julho - sexta-feira na Praça do BNB e no sábado e domingo em espaço onde os grupos participantes e outros do Movimento escambo atuam. Como passo inicial pensamos em no tempo mais rápido possível estrear e circular com uma leitura dramática e depois... depois vamos as praças e ruas mostrar O CABEÇA DE PAPELÃO para o mundo.

CERVANTES DO BRASIL

Somos articuladores do Movimento Popular Escambo Livre de Rua. o nosso fazer artístico está ligado a constante e necessária construção de um mundo cada vez melhor. Nossos espetáculos, nossas convivências, nosso fazer cotidiano de arte tem como compromisso o fomento e o estímulo a formação e preparação de grupos novos e dos grupos que já atuam no Movimento Escambo.